domingo, 30 de outubro de 2011

MAIS UMA VEZ AS ONG COMO BODE EXPIATÓRIO DOS EQUÍVOCOS DO ESTADO


Abdalaziz de Moura é filósofo, teólogo, especialista em educação popular e educador.

O conceito de Bode Expiatório tem sua origem descrita no capítulo 16 do livro dos Levíticos do Antigo Testamento da Bíblia. De acordo com a tradição de Moisés, uma vez por ano os hebreus se juntavam para fazer a expiação dos seus pecados, ou seja, uma penitência pública para ter os pecados perdoados. Segundo a Bíblia, dois bodes eram escolhidos e a sorte era lançada sobre eles pelo sacerdote. Um era sacrificado e com seu sangue o sacerdote aspergia o altar e o povo, o outro era posto vivo no meio da assembléia e o sacerdote impunha as duas mãos sobre ele e passava para o bode todas as iniqüidades dos israelitas, todas as suas desobediências, todos os seus pecados (Lev.16,20) e depois uma pessoa encarregada levava o bode para o deserto[1], para um lugar que não tivesse retorno. Assim, o bode pagava pelos pecados das pessoas e essas se libertavam da culpa e das conseqüências do pecado.

Esse rito religioso é uma tradução do sentimento e da experiência da humanidade em transferir para os mais fracos e mais pobres a responsabilidade pelos atos mal conduzidos dos mais fortes. Encontrando um mais indefeso, fragilizado, vulnerável social, política e economicamente esse paga pelos pecados dos mais fortalecidos. É a tradução do provérbio popular que repete “o pau sempre cai em cima dascostas dos mais fracos!” É um dado comum às religiões trazerem para o rito o que a humanidade experimenta na vida. Com as denúncias sobre o Ministro dos Esportes que saiu aparecem na imprensa e nos meios políticos desses dias, as ONG como os bodes expiatórios.

No meu tempo de juventude, década de 60, circulava nos meios literários o livro Vigésima Quinta Hora do autor romeno, Virgil Georghiu. Era a história de um jovem do campo que, por circunstâncias totalmente alheias a sua vontade, terminou sendo confundido com os judeus perseguidos por Hitler e peregrinou sofrendo em sua terra Romênia, Polônia, Tchecolosváquia, Áustria e Alemanha até o final da segunda guerra mundial. O autor descreve como os judeus na época se tornaram o bode expiatório para canalizar todos os ódios, todas as carências, todas as fragilidades do regime nazista e serviu de pretexto para Hitler entrar nesses países com as tropas alemãs.

O regime para se sustentar precisava ter um bode bem identificado, conhecido, capaz de receber a canalização das frustrações das populações sedentas, de desviar a atenção da opinião pública, de ofuscar outros problemas, sob pena da revolta do povo voltar-se para seus governantes. Quanto maior as mazelas, mais pecado para transferir para o bode. Esse deveria morrer para pagar, compensar e perdoar os pecados dos reais atores dos pecados ou ser condenado a viver em um lugar distante do deserto, sem possibilidade de retorno ao seu lugar de origem. Com o distanciamento de um e com sangue do outro, os reais pecadores sentiam-se purificados para continuar suas lidas. Assim, aquietava-se a opinião pública, que em vez de se revoltar contra seus líderes, despejava sua indignação sobre o bode.

Desde que meu professor de Bíblia, Padre Nércio Rodrigues explicou em sala de aula e alguns anos depois eu li o romance romeno, passei a entender com mais clareza e evidência inúmeros fatos da vida cotidiana da convivência humana e da vida política. É incrível como acontece e se repete e as pessoas não se apercebem desse jogo, que é sutil, porém, não deixa de ser evidente. Quando os pecados dos grandes aparecem na mídia a opinião pública cobra esclarecimento do Estado ou do Governo. Esses se apavoram, sofrem um pouco e depois apresentam um bode para que de agora em diante, o bode pague pelos pecados.

No caso do Ministério dos Esportes o bode expiatório da vez são as ONG. Aliás, não é a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. Hoje é um bode fácil de encontrar, com endereço conhecido, financeiramente vulnerável e indefeso. Na primeira oportunidade de falar para a imprensa o novo Ministro dos Esportes Aldo Rabelo foi logo falando que “não iria fazer convênio com as Ong”. Logo identificou o bode para sacrificar e para distanciar. O rito estava definido, de agora em diante a opinião pública pode ficar tranqüila (pelo menos, por um bom tempo!), os atores, autores e agentes responsáveis podem pecar de novo ou continuar pecando, porque já foi encontrado o bode para pagar pelos pecados. O seu sangue os limpará dos pecados e falcatruas! Já tem para quem a opinião pública destinar sua indignação e os jornalistas vão nos deixar quieto para ir atrás desse bode!

Imediatamente, as suspeitas espalharam-se por todos os ministérios do governo federal e vai respingar sobre os estaduais. É preciso apresentar para a opinião pública os bodes expiatórios para pagar esses pecados. As ONG na conjuntura atual apresentam-se como a presa fácil. Vamos refletir um pouco nesse texto sobre essa situação, tentar contribuir para esclarecer o quadro, que é muito mais complexo do que se apresenta e se pinta na mídia e nos meios políticos.

2. Esclarecendo a categorização

O conhecimento popular utiliza provérbios tais como “cuidado para não jogar a criança fora com a água suja que a banhou!”, “é preciso distinguir e separar o joio do trigo, se não,  confunde e ao arrancar o joio, arranca também o trigo”. Um dos equívocos de interpretação sobre as Organizações Não Governamentais é considerá-las como se fosse uma categoria social única, um monobloco, uma expressão que engloba todas as entidades que não são estatais ou privadas. Como se todas fossem resultado da mesma conjuntura, da mesma época, das mesmas motivações e tivessem os mesmos objetivos.

Apesar de todas as resistências, o Estado e uma parte de políticos da situação, da base do governo e da oposição teimam em tratar as ONG dessa forma. Nas chamadas públicas e editais repetem o mesmo equívoco, colocam todas as ONG no mesmo saco e ainda misturam com empresas de consultorias, institutos de responsabilidade social de empresas, prestadoras de serviço, Organizações Sociais de Interesse Público (Oscip), Universidades ou Associações de Professores, organizações sociais (Os). As ONG concorrem nas chamadas públicas com essa identidade diversificada, diferente e têm que dar conta das mesmas condições para ganhar a chamada.

Exemplificando, para qualquer ONG concorrer a editais de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER têm que concorrer com as mesmas condições de empresas privadas de ATER, empresas públicas e trabalhar meses e meses com seus próprios recursos para poder receber depois. Para as pessoas do governo, isso é isonomia, oportunizar a todos as mesmas condições. Para os que se sentem desiguais é ampliar as desigualdades sobre o equívoco de que os diferentes devem ser tratados igualmente. Tratar os desiguais igualmente éaumentar as desigualdades.Ong só é igual com todas essas outras instituições para o governo. Na prática elas enfrentam mil dificuldades quando assim são tratadas.

3. Um pouco de resgate histórico

Boa parcela das ONG nasceu para dar conta de tarefas que o Estado não conseguia dar. Ou por que essas tarefas não eram contempladas nas suas agendas, nem em seus orçamentos. Ou porque na região o Estado era ausente. Ou por que era uma tarefa muito inovadora, não reconhecida, nem legitimada ainda. Ou por que pretendia defender um território, um bioma, uma etnia que se sentia menosprezada. Ou por que assumiu um compromisso histórico com uma causa, uma população que não se sentia contemplada. Ou por que o serviço público prestado a uma categoria ou a uma população era insuficiente, ineficiente, ineficaz. Ou por que queria fazer um trabalho social com autonomia das igrejas, dos governos.

Essas ONG nasceram com missão, compromisso histórico em alguns casos, até sendo perseguidas, renegadas, incompreendidas por lideranças locais ou ignoradas. Com os impactos de sua intervenção pedagógica os resultados foram aparecendo e a democratização do país veio contribuir para o reconhecimento, a visibilidade nos meios de comunicação. Os empresários também passaram a se aproximar, as organizações internacionais cobravam dos governos locais o reconhecimento dessas entidades.

Para manter suas ações as ONG buscavam recurso na CooperaçãoInternacional da Europa, América do Norte, que mantinha também meios de captação de recursos para esse fim. Com a Cooperação Internacional os recursos vinham em geral com planos trienais e eram renovados se as ações dessem resultados positivos, a prestação de conta fosse aprovada. Essa forma de repasse de recursos permitia planejamento de curto, médio e longo prazo, compromisso com os públicos das ações, monitoramento junto aos participantes dos projetos e alguns valores como a confiança, autodeterminação, autonomia eram cultivados. Os doadores tinham um código de ética para reconhecer até onde ia sua capacidade de intervenção.

No período da repressão da ditadura nem se cogitava dialogar com o Estado, nem com o Governo. Com a redemocratização foi ficando mais fácil e com a filosofia de um estado mínimo as ONG foram se firmando cada vez mais. Passaram a dialogar com o governo e até a receber recursos públicos para cuidar de sua missão original, de seu trabalho específico. Foi o tempo também que a Cooperação Internacional diminuiu ou transferiu seus recursos para outros continentes e países e o Brasil começou a entrar em cena como país emergente. O debate sobre Responsabilidade Social das empresas levou os empresários também a apoiarem projetos de ONG, criar seus institutos e patrocinar projetos.

Desde as mobilizações sociais para a Constituinte de 1988 e, sobretudo, após, e mais ainda a partir do Governo de Lula, as ONG e os Movimentos Sociais passaram a influenciar o Estado e os Governos a adotarem políticas que antes eram bandeiras das ONG e Movimentos Sociais. As Políticas Públicas para Criança e Adolescente, antes de serem assumidas pelos Governos, foram ações das ONG e Movimento como o de Meninos e Meninas de Rua. O mesmo aconteceu com as Políticas Públicas para as mulheres e de gênero; foram práticas das ONG feministas, dos Centros de Mulheres, de Movimentos de Mulheres Trabalhadoras.

E assim, veio acontecendo com inúmeras outras políticas. A sociedade civil foi fortalecendo seu campo de influência e o Estado foi aos poucos reconhecendo, legitimando e trazendo para si as tarefas que eram realizadas por ela. Quem não se lembra da campanha contra a fome pela vida liderada por Betinho! Hoje tem outro nome, Brasilsem fome e Brasil sem Miséria. Os últimos governos assumiram e deram status de Política Pública. Com esse programa, Lula tornou-se referência internacional de políticas contra a desigualdade. Ele executou o que Dom Helder Câmara pregava como Arcebispo de Olinda e Recife por onde teve oportunidade de viajar e falar e o que Betinho praticou.

Os exemplos são muitos e nos mais diversos campos da atividade humana: etnia, raça, sexo, índios, negros, povos da floresta, catadoras de coco babaçu, pescadores, recicladores de lixo juventude, meio ambiente, tecnologias apropriadas ou alternativas, agroecologia, reflorestamento, biomas, economia solidária, mercados alternativos, microcrédito, comunicação, arte e cultura, direitos humanos, cidadania, deficientes físicos, educação contextualizada, educação do campo, educação popular, educação de jovens e adultos, saúde alternativa, fitoterapia, medicina popular, moradia, agricultura familiar, de igualdade racial, segurança alimentar e nutricional.

Para essas políticas há poucos anos esquecidas, hoje o Estado e os Governos consagram uma série de instâncias públicas (ministérios, secretarias especiais, diretorias, gerências), programas e projetos, órgãos de gestão democrática (conselhos nacionais, estaduais, municipais), conferências nos mesmos níveis e orçamentos. Há pouco tempo eram iniciativas das ONG e Sociedade Civil organizada.

Foi um movimento ascendente, de baixo para cima, do local para o regional e nacional, de conquista, de mobilização social, de militância aguerrida, com pouquíssimos recursos financeiros, com muita concertação enegociação políticas, com profissionalização, com compromisso histórico com os envolvidos até chegar ao ponto que está hoje. Os governos de Dilma e Lula se beneficiaram e muito desse processo. Muitas das lideranças das ONG e Movimentos Sociais migraram para os dois governos e os da base aliada nos Estados. Muitos se tornaram também militantes partidários.

4. De um movimento ascendente para um descendente.

No processo ascendente de reconhecimento e legitimação continuou nascendo ONG, mas dessa vez, num contexto já diferente. Não era mais motivo de perseguição, e sim de reconhecimento.  Era a bola da vez, da criação de negócios, de empreendimentos, de “fim da era do emprego”. Participar de ONG passou a ser chic! A ser um bom negócio! A ser um serviço profissionalizado e não tanto de militante. Acrescente a essa conjuntura o crescimento do terceiro setor em todos os países mais desenvolvidos, que também favoreceu muito o surgimento de ONG.

O Governo atual e o Estado, agora muito mais equipados de instâncias, de serviços, de braços, por estarem já atendendo às grandes bandeiras antes das ONG e dos Movimentos Sociais querem as ONG do seu lado, como aliados, como braço para executar as políticas do Estado. E agora a direção do movimento é inversa. Não é mais as ONG que influenciam o Estado, que lhe aportam valores, que lhe sugerem pistas para a solução dos problemas, que lhe oferecem capital social e humano. É o Estado que oferece seus recursos financeiros e dita todas as regras, impõe as crenças e os valores, define as metas, os serviços, as normas de gestão, o que as ONG podem pagar ou não pagar, a forma de contratação de seu pessoal.

As ONG, por piores ou melhores que sejam viraram braços doEstado. São executores baratos das políticas do Estado, mão-de-obra. Os editais e as chamadas públicas cada vez mais retiram o uso da inteligência, da capacidade intelectual, da “cabeça-de-obra” para se tornarem apenas mão-de-obra. E o que é mais grave, mão-de-obra barata, sem compromisso trabalhista, sem inchar a folha dos Governos, descartáveis. Só servem enquanto executam tarefas do Estado e dos Governos. Esses não querem nenhum compromisso em mantê-las, em cuidar de suas estruturas como teriam de fazer se fossem eles próprios que tivessem de fazer.  Tornaram-se um exército de reserva de mão-de-obra barata para os Governos e o Estado.

Uma inversão histórica de papéis como essa traz inúmeras outras conseqüências. Os princípios éticos que comandavam as ONG e seus militantes e suas ações passam a ser diferentes. O compromisso deixa de ser com o público, com as bases, com os resultados e impactos efetivos. Os técnicos, os dirigentes, os educadores da ONG deixam de estar nas atividades junto ao público para estar diante dos computadores, do SICONV e dos sistemas informatizados que o governo exige para ser preenchidos pelas ONG. Produzem pouco intelectualmente, porque seu tempo agora só dar para atender a burocracia das chamadas públicas e dos editais. Como esses são sempre tangenciais, nunca incorporam a atividade e a missão de uma ONG, os dirigentes e técnicos têm que ficar atrás de novos editais, de novas chamadas, formando um círculo vicioso de dependência e de insustentabilidade.

Os critérios de avaliação e hétero avaliação mudam. Antes uma ONG eficiente era a que tinha a confiança de seu público, o envolvimento com a causa, a que produzia resultados nas pessoas, no entorno, que tinha presença junto às comunidades... Agora a ONG eficiente é aquela que seus dirigentes têm e sabem fazer articulação política, as que têm a confiança dos dirigentes partidários, a que é bem articulada politicamente (para não dizer partidariamente!), as que forneceram quadros para o aparelhamento dos governos, as que fazem campanha para partidos políticos.

As ONG que tentam ser autônomas têm dificuldade de conquistar chamadas, de captar recurso, são vistas atravessadas pelo Estado e pelos Governos. É como se não merecessem a confiança deles, mesmo que tenha o melhor trabalho do mundo! Boa é aquela que faz a campanha do deputado do partido! Que perdeu a capacidade de criticar. Os dirigentes políticos não reconhecem uma ONG autônoma e independente, com pensamento próprio, com atividade própria. Só aceitam se for a favor ou de oposição.

5. Para continuar

Exemplos como o do caso do Ministério dos Esportes é típico desse movimento avassalador, descendente, de Brasília para os Estados, como um rolo compressor sobre as ONG, exigindo que as ONG se comportem como o Estado, inversamente ao anterior que era as ONG influenciando o Estado e os Governos. Há uma mudança histórica, que sugere re-significação do papel das ONG, dos Governos, do Estado, da sociedade civil.

Precisamos de um mutirão de idéias, de pontos de vista, de produção intelectual, de intercâmbio. A necessidade de um debate mais amplo, mais aberto é urgente. Há muitas concepções de sociedade, de estado e de governo subjacentes ao fenômeno que precisam vir a tona, serem mais explicitadas, sob pena de ficarmos ao sabor das emoções, dos acontecimentos e do imediatismo.

Esse texto pretende ser apenas um tijolo nessa construção. É um ponto de vista particular do autor, aberto a complementações, críticas, sugestões. Se servir como uma oportunidade de aprofundar a temática o autor se dá por satisfeito.

29 de outubro de 2011.



[1] . Azazel era o nome dado a esse local do deserto, que significa na língua original, destinado a se distanciar ou afastar-se. Nota da versão francesa da Bíblia por PIROT L e CLAMER A. pp. 125.  Éditions Letouzey et Ané, Paris. 1951.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


FICHA PEDAGÓGICA PARA DESENVOLVER NA ESCOLA ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL

ficha 02. CONSTRUÇÃO DO CENSO AMBIENTAL E ESTUDANDO O ECOSSISTEMA DA COMUNIDADE

APRESENTAÇÃO

            Esta ficha dá continuidade à primeira. Pode ser estudada depois da terceira sem problemas. Seu objetivo é completar o conhecimento da própria escola e da comunidade sobre si mesmas, para construir um diagnóstico mais completo da realidade. Desta vez, o que se estudará, será o meio ambiente local, o ecossistema do engenho, comunidade, povoado ou fazenda. Será feito o levantamento de todos os recursos naturais que existem na localidade e será recuperada a história dos que se perderam.

A escola vai produzir conhecimentos sobre estas coisas, vai aprofundar e depois vai ajudar a escola e a comunidade, apoiadas pelo município a agirem nesta direção, para recuperar o que se perdeu e ainda pode ser recuperado, preservar o que se conservou até agora e melhorar o uso racional desses recursos, para que os mesmos continuem a existir também, para as gerações futuras.

            Como todas as FICHAS PEDAGÓGICAS desta PROPOSTA DE EDUCAÇÃO, dividem-se em quatro etapas fundamentais. Esta ficha exige uma discussão das professoras da mesma escola, ou mesmo um estudo com a supervisão ou apoio pedagógico, por conta de tantos elementos inovadores que contém. O entendimento nunca é completo no início. Na medida em que a escola for pondo em prática, o entendimento vai aumentando, e as professoras terão oportunidades de trocar idéias entre si.

Diferente de outras fichas, as pesquisas sobre a temática ambiental são atividades mais grupais e coletivas do que individuais. Na segunda parte, seguem muitas sugestões neste sentido. Estamos sugerindo muito a entrevista às pessoas idosas como resgate histórico e como construção da auto-estima. Nas entrevistas sobre as temáticas sugeridas, a professora deve orientar os alunos, para primeiro, entrevistar as pessoas idosas sobre sua história pessoal e só depois, entrar nos demais assuntos. É importante saber, por exemplo, o nome completo da pessoa, o apelido, onde e em que ano nasceu, onde viveu, trabalhou, coisas que gostava no tempo da infância e da juventude, etc. Qualquer informação de ordem histórica deve conter o nome da pessoa que deu a informação, data e lugar.

PRIMEIRA PARTE: QUESTÕES PARA A REALIZAÇÃO DAS PESQUISAS

É a primeira abordagem do assunto. Começa a partir do conhecimento que os alunos podem construir com a ajuda de seus familiares e moradores da comunidade, onde o conhecimento ainda é muito localizado, experimental, resultado da prática e do senso comum das pessoas. Vai ser recuperado, sobretudo a partir de pesquisas com perguntas. Estas perguntas vão gerar outras que exigirão um conhecimento mais profundo, científico e técnico. Perguntar aos familiares sobre as coisas que eles têm domínio, é uma forma de valorizar os seus conhecimentos e as suas experiências de vida. Esta Proposta de Educação está supondo que pelo menos uma vez por mês, a escola esteja fazendo reunião com os pais, para falar sobre o que estão fazendo, como estão fazendo.

1.      De onde vem a água que se bebe em casa? Como ela chega em casa? Quem carrega?
2.      Existe outro tipo de água que se usa em casa, sem ser para beber? De onde vem esta outra água?
3.      Quais são os riachos, os rios, os açudes, as cacimbas, os cacimbões, os poços artesianos, os barreiros que existem perto das nossas casas e da escola? Quais as serventias que a população faz dos mesmos?
4.      Que coisas, objetos, sujeiras (suor de animal, fezes, urinas, esgotos de casas, de indústria, lixo), caem nestes depósitos de água? Que tratamento da água é feito em casa e no povoado ou comunidade? Quem faz o tratamento? Como é feito o tratamento?
5.      Procurar com os pais e levar para a escola, um punhado de terra fértil, boa, forte e um punhado de terra  fraca, ruim e infértil. (usar plástico ou garrafa de refrigerante de plástico para levar a terra). Perguntar aos pais o porque da força e da fraqueza de um solo?
6.      Coletar em vidro ou  plástico bichinhos, (micro e mesoorganismos, fungos, minhocas, gogos, cupim etc). que vivem debaixo do solo e levar para a sala de aula.
7.      Informar-se com os mais velhos das famílias o nome das árvores que existia na região. Saber desses, quais os que não existem mais. Procurar saber onde eram as matas de antigamente e o que resta delas.
8.      Fazer a mesma coisa com os animais silvestres e de caça; Quais eram? Onde existiam? Quais os que não existem mais e porque desapareceram?
9.      Tentar a mesma coisa com os peixes dos rios e dos açudes. Quais eram? Onde pescavam? E desde quando desapareceram e porque desapareceram?
10.   Perguntar aos pais e sobretudo avós, o que se plantava no tempo da infância deles e se o que se plantava em grande quantidade naquela época se planta hoje?
11.   Procurar saber dos mais antigos o que tinha antes no lugar da cana de hoje?
12.   Procurar saber dos mais antigos, no tempo da infância deles, uma conta de mandioca, feijão ou milho, dava quantos quilos? E como é hoje?
13.   O que fazem com o lixo em sua casa? O que fazem com o lixo na escola? O que fazem com o lixo na comunidade?

SEGUNDA PARTE: O DESDOBRAMENTO E APROFUNDAMENTO DAS PESQUISAS

Partir do conhecimento que as crianças produziram com seus familiares e desdobrá-lo. Aprofundar através das disciplinas, para que este conhecimento inicial, elementar, possa evoluir e alcançar um patamar maior, mais escolar, técnico e científico. Desenvolver sempre de forma interdisciplinar e transversal o primeiro conhecimento produzido.

I.                 TRABALHANDO O RECURSO ÁGUA:

1.       Organizando visita aos depósitos e reservatórios de água

Organizando visitas com os alunos aos mais diversos tipos de depósitos e reservatórios de água. Providências que precisam ser tomadas para a realização das visitas
1.      Acertar com os proprietários, se os reservatórios forem de propriedade particular. Com os encarregados, se os reservatórios  forem públicos.
2.      Preparar de perguntas para as entrevistas, quem vai entrevistar, quem ser entrevistado, sobre que?
3.      Dividir em equipes com tarefas específicas, por exemplo: um grupo observa os sinais de morte nas águas (lixo, sujeita, fezes,...) Outro grupo observa os sinais de vida (peixes, plantas, vegetação próxima das águas....) Outro grupo observa o uso e os usuários da água ( pessoas que bebem, que irrigam, animais que lavam, roupa que lavam). Cada tarefa desta deve ser preparada  em sala de aula.
4.      Preparar material:  depósitos para a coleta de material. Se possível com máquina fotográfica, gravador, se tiver filmadora! Melhor ainda, trena de medir, roupa adequada para andar no campo.
5.      Nas observações e nas entrevistas, não esquecer dados quantitativos: tamanho da área, do percurso feito pelos alunos, quantidade  de água em metros cúbicos

Ao voltar na classe, apresentar relatório de equipe, material coletado, razão e objetivo da coleta, organizar debates e textos, desenho, lição, estudo de ciência, biologia, meio ambiente.

2.     Trabalhando o recurso água: Acompanhando o percurso das águas
.
1.      Organizar um passeio para pesquisar e estudar o percurso das águas, que pode ser
num rio
ou riacho correndo,
ou um córrego seco, por onde as águas escorrem quando chove.
2.      Os materiais a serem observados podem ser os mesmos do exercício anterior. Se o córrego é seco, é muito bom coletar amostras de cor de solo, de raízes, para estudo da erosão. Bom observar também o que a água carrega com sua força, além da terra: lixos, plásticos.

3.      Na preparação do material,  lembrar aos alunos para estarem  atentos para desenhar o mapa do percurso das águas, as roças que atravessam, as árvores que encontram.

4.      Merece atenção especial a observação da vegetação que acompanha as margens dos rios: se tem, se são rasteiras, se são árvores grandes com raízes. A professora ou adultos que acompanham devem chamar a atenção para o papel que as plantas e as raízes tem na defesa do solo e das águas.

3.     Recuperando a história das águas

1.      Trazer para a sala de aula ou levar os alunos (as) para visitar pessoas das mais idosas  da comunidade que conheceram o rio ou riachos ou açudes, em outras épocas, para contar a história do mesmo e ser entrevistado sobre o uso das águas, como eram antes, os peixes que tinham,  as enchentes, as matas das margens (matas ciliares).
2.      Discutir com estas pessoas,  os motivos que levaram a diminuição das águas, das árvores, dos peixes, e o aumento da poluição.

4.     Pesquisando as doenças e os prejuízos que as águas podem ter

1.      Organizar antes ou depois das visitas um debate sobre as doenças que o rio ou riacho ou águas em geral podem ter na região.
2.      Levantar informações sobre quem tem pessoa com esquistossomose em casa, trazer estas pessoas para a sala de aula ou os alunos visitarem, para entrevistá-las sobre quando, como, onde pegou a doença.
3.      Ver se alguém conhece família onde alguém já morreu com a esquistossomose. Entrevistar pessoas desta família.
4.      Levantar informações sobre outras doenças com os alunos: cólera, dengue, verminoses
5.      Exemplificar a sujeita da água, por exemplo, pondo a mesma água em 1, 2, 3 ou mais garrafas plásticas transparentes de refrigerante. A cada garrafa corresponde um tipo de água usada na comunidade. Em uma, não se acrescenta nada, nas demais vai se acrescentando as coisas que o povo acrescenta na água. Vamos supor que no rio o pessoal lava roupa, aí acrescenta sabão. Noutra, que representa um açude, o pessoal lava cavalo, aí acrescenta urina e fezes de cavalo. De acordo com as coisas que forem se acrescentando, as águas vão se diferenciando, e a visualização vai esclarecendo o debate.

5.     Pesquisando as possibilidades produtivas das águas do lugar.

1.      Organizar uma visita a um ou mais proprietários que use irrigação, sobretudo com formas variadas de irrigação.
2.      Entrevistar sobre cálculos matemáticos que exigem a irrigação:
n  tempo e duração, quantidade de água,
n  melhores horas para irrigar, resultados econômicos,
n  custos da infra-estrutura, da energia, os tipos de energia, se motor elétrico monofásico ou trifásico, a óleo, capacidade de elevação que a bomba tem, comércio dos produtos irrigados.
3.      Organizar a mesma coisa a um criador de peixe, pato ou camarão. Instigar os alunos a fazerem perguntas sobre:
n  as técnicas da criação, a alimentação,
n  tipo de água, a venda, período de pesca, o comércio, o ganho,
n  os investimentos que precisam ser feito, a segurança contra o roubo dos peixes, a assistência técnica

6.     Organizando produtos com os resultados dos estudos  sobre as águas do lugar

1.      Escrita de textos sobre a situação das águas do lugar, que fale de quais são, onde estão, a quantidade, o uso, o trato que a população dá, a utilização das águas etc.
2.      Escrita de textos sobre apenas um destes elementos
3.      Escrita de textos sobre um tipo específico de água, por exemplo, o rio ou o açude, a cacimba ou o poço artesiano
4.      Texto sobre as doenças transmitidas pelas águas.
5.      Desenho sobre os reservatórios das águas e as dinâmicas usadas para estudar
6.      Mapa do caminho e percurso das águas do lugar
7.      Exposição fotográfica do passeio com a pesquisa das águas, onde as fotos tenham títulos, ou os alunos façam textos.
8.      Poesia ou música sobre as águas.
9.      Apresentação de alternativas para melhora do uso das águas, conservação do meio ambiente
10.   Apresentação de alternativas para gerar renda com a água: irrigação e criação de peixe.

II.  TRABALHANDO OS RECURSOS: SOLO E VEGETAÇÃO.

Muitas das sugestões apontadas para trabalhar com água podem ser aproveitadas para a vegetação.

1.     Entrevistando  as pessoas mais  idosas da comunidade

1.    Levando estas pessoas  para sala de aula, ou os alunos visitando-as.
2.      Os alunos entrevistando-as e escutando as histórias que elas tem para contar.
3.      Construir com as pessoas acima de 70 anos, o mapa  de como eram as matas na infância destas pessoas. Depois outro mapa no tempo que elas tinham 30 anos, e outro mapa com as matas que existem hoje.
4.      mesmo exercício tentar fazer com os tipos de animais que existiam nestas 3 fases da história das matas
5.      Tentar o mesmo com os tipos de madeira nas 3 épocas.
6.      Tentar fazer o mesmo com os demais tipos de vegetação, sobretudo a cana: onde a cana chegava a 70 anos atrás, de 1925 a 1935, a 30 anos atrás de 1965 a 1975  e atualmente.
2.   Recolhendo as amostras de solo das famílias

  1. Pedir que cada criança ou adolescente, mostre a terra boa que trouxe e pedir explicação a cada uma sobre o porque a terra é boa
  2. Para cada explicação, anotar as caraterísticas que os alunos forem apresentando (ótima oportunidade para ensinar sobre adjetivo, sinônimos e antônimos!).
  3. Chamar a atenção sobre a ortografia e os sinônimos das palavras que indicam terra fértil.
  4. Juntar os punhados de terra de cada um em um canto, que possa ser mantida junta.
  5. Repetir a mesma coisa com as amostras de terra fraca.
  6. Depois molhar as duas porções de terra com uma mesma quantidade de água, e plantar algum tipo de sementes e ao longo do mês, fazer os alunos observarem a diferença.

3.  Organizar uma visita à mata

1.      Preparar bem e motivar o pessoal. Com criança muito pequena, não se deve visitar mata muito fechada. Tomar algumas medidas prévias:
·        Ir com algum adulto da comunidade por onde vão fazer a visita.
·        Preparar água e merenda. Ir com sapato e roupa apropriada.
·        Dividindo em equipe, responsabilizando os maiores pelos menores.
·        Pedir a colaboração de outros adultos: pais ou irmãos mais velhos.

Roteiro para observação na mata:
·        Momentos de parada, contemplação e silêncio absoluto.
·        Sentir a temperatura, como o vento circula na mata.
·        Sentir o sol e a sombra, observar como o sol penetra na mata.
·        Observar os tipos de plantas maiores, médias, arbustivas e rasteiras, como elas se distribuem e imaginar como a chuva entra na mata, se filtrando.
·        Cavar o mato, tirar amostras de solo: ver o cheiro, composição, cor, granulação, presença de raízes e microorganismos.
·        Observar a “manta orgânica” composta de folhas, pedaços de pau, e madeira em decomposição. Juntar a quantidade em torno de um metro quadrado  e levar para pesar.
·        Observar numa área de 5 a 10 metros quadrados a quantidade de plantas diferentes que existem e contar

4.   Visitando o roçado depois da mata

No mesmo dia ou em outro próximo, organizar uma visita a roçados ou canaviais. Tudo o que foi observado na visita a mata, deve ser observado no canavial ou roçado, para os alunos fazerem as comparações: como o sol, a chuva e o vento penetram no roçado, a cor, cheiro e composição do solo e a erosão sobre o terreno, a uniformidade das plantas etc. Sentir o clima, a temperatura, a presença de microorganismos, pássaros etc.

5.   Trabalhando o retorno da visita à mata e ao roçado

1.      Reunir os grupos para apresentarem as amostras que coletaram para os demais grupos.
2.      Justificar o porque pegaram tal amostra e o que queriam mostrar para os colegas.
3.      Perguntar pela diferença que encontraram entre o solo da mata e dos roçados.
4.      Escutar depoimentos dos que quiserem falar, sobre o que mais impressionou.
5.      Explicar cientificamente o fenômeno da decomposição da matéria orgânica e a relação da vegetação com o solo e os microorganismos.
6.      Debater a situação do solo na localidade, em que estado se encontram, com que mais parece, se com o da mata ou o do roçado.
7.      Tirando conclusões sobre como melhorar o solo das lavouras.
8.      Realizar testes com os alunos

6.  Organizando produtos sobre os estudos da vegetação e solo.

1.      Relação das madeiras  que já existiram na região e que hoje são raríssimas ou extintas.
2.      O mesmo com os pássaros e os peixes.
3.      O mesmo com os animais silvestres.
4.      Texto  sobre a experiência de escutar as pessoas mais idosas.
5.      Relato contado pelas pessoas mais idosas.
6.      Álbum fotográfico das visitas ou depoimentos dos mais idosos e dos passeios e visitas a mata e roçados, com legendas.
7.      Fotografias das famílias antigas, com as respectivas datas, retratando a vida do lugar.
8.      Desenhos, pinturas, músicas e poesias sobre as paisagens antigas e atuais.
9.      Uma história escrita e documentada do lugar.
10.   Os mapas da vegetação em 3 épocas diferentes: 70 anos atrás, 30 e hoje.
11.   Coleta de sementes da vegetação nativa para reflorestamento
12.   Textos, diálogos, com os elementos da natureza, personificados, por exemplo, um diálogo da planta com um terreno esturricado, da árvore com o lenhador, da floresta com o canavial etc.

III. TRABALHANDO OS RECURSOS HUMANOS


1.     Pesquisando os sítios dos moradores dos engenhos e das usinas

Informando-se junto às pessoas mais idosas, entrevistando-as em sala de aula ou em outros locais.
No tempo de sua infância e juventude, quantos eram os sítios dos moradores nos engenhos?
Quantos eram os foreiros (pessoas que arrendavam terras aos senhores de engenhos)? Quantos eram os pequenos proprietários?
O que plantavam e o que criavam?
Que tamanho eram os sítios que moravam, plantavam, e criavam?
O que existe hoje no lugar dos sítios dos moradores?
Para onde foram os moradores do lugar?
O que aconteceu com as cidades nestas épocas?

Organizar passeios com os alunos em locais que ainda tem resquício de sítio de moradores

Comparar com os sítios dos moradores de hoje nos engenhos.

2.     Debatendo a crise da cana, dos engenhos e da usina

Entrevistar e debater com pessoas mais idosas e de meia idade, que viram a cana se expandir e depois, entrar em crise.
Porque a cana cresceu tanto entre 1962 e 1989?
Quais as coisas e os acontecimentos que ajudaram a cana a crescer?
A cana ocupou os espaços de quais outras culturas e vegetação?
Como se pagava antes aos trabalhadores e como passou a se pagar depois de 1962?
Quais as vantagens e desvantagens que o salário mínimo trouxe para  as pessoas e o lugar?
Quais os direitos trabalhistas conseguidos durante a expansão da cana?
Quais as vantagens e desvantagens que a expansão da cana trouxe para os produtores e os trabalhadores?
Porque os engenhos e usinas hoje estão falindo?
Qual foi o papel que o governo teve na expansão e na crise da cana? Qual o papel dos sindicatos na expansão e na crise? Qual o papel que os fornecedores e usineiros tiveram? 

Organizar debates, textos, elenco de fatores que favoreceram a expansão e fatores que favoreceram a crise.

 

IV.  TRABALHANDO PROBLEMAS AMBIENTAIS


1. Estudando a produção, o tratamento e o destino do lixo do lugar

1.      Levar cada aluno a descrever o que se faz do lixo produzido em casa.

2.      Fazer visita ao lixão maior do lugar, mediante um preparação prévia e medidas de segurança:
3.      Dividindo o grupo em equipes para coletar amostras, cada equipe um material: tipos de vidro, tipos de lata, tipos de plásticos e borracha, tipos de metal, lixo orgânico.
4.      Apresentar as amostras em sala de aula, mostrando a quantidade de cada produto no conjunto do lixo, e como cada produto teria chance de ser reaproveitado.
5.      Debater se a comunidade ou alunos já ouviram falar ou conhecem no município ou fora, experiências de reciclagem.
6.      Pesquisar o lixo da escola, da sala de aula e da cozinha.  Composição e destino de cada componente.
7.      Debater melhores formas de tratar o lixo. Procurar alguém que ensine a fazer “Composto Orgânico” e escrever com os alunos a receita para fazer composto e usar nas plantas.
8.      Discutir possibilidades de reutilização de embalagens plásticas e de vidro, aprender a fazer brinquedos e utensílios com sucata.

TERCEIRA PARTE: OS ENCAMINHAMENTOS DAS AÇÕES

Se a escola conseguiu desdobrar esta ficha, produziu muito conhecimento inovador, que poderá ajudar a comunidade a agir. Esse será o grande desafio da escola para com a comunidade e o meio ambiente

1.     Apresentar para a comunidade o resultado das pesquisas feitas e dos conhecimentos que foram aprofundados.

1.      Procurar formas e maneiras e apresentar para a comunidade o conhecimento que foi produzido.
2.      Tomar as providências para uma boa reunião, conforme sugestões das fichas 1 e 3.
3.      Preparar bem os produtos construídos para serem apresentados à comunidade.
  1. Provocar a comunidade para que a mesma reaja diante dos problemas levantados pela escola.
5.      Estimular a organização de “Comissões Locais de água, de solo, de vegetação,” para  o cuidado especial com estas questões. Definir tarefas para estas comissões.

2.     Estimular ações e políticas locais para o meio ambiente

1.      Ações para melhorar o tratamento do lixo doméstico ou de algum lixo que haja na comunidade
  1. Ações para melhorar a conservação e limpeza dos  reservatórios de água, rios e riachos.
  2. Informar-se ou propor projeto de reflorestamento, arborização e plantio de vegetação nas margens do rio.
  3. Estimular capacitação para manejo do solo, e aprender as técnicas de conservação, adubação.


3.     Organizar uma festa na comunidade para celebrar a vida das pessoas mais idosas.

1.      Proporcionar oportunidade dos mais idosos se encontrarem, para  levantar a autoestima, para valorizar os seus saberes, dançarem e cantarem as músicas e cantigas de sua época.
  1. Documentar esta festa, com fotografias, depoimentos gravados, textos.
  2. Avaliar os impactos desta festa com os idosos.
  3. Aproveitar esta festa para apresentar as mudanças que aconteceram nos últimos anos, que prejudicaram o meio ambiente.

4. Organizar  mais produtos juntando as contribuições de cada série e escola do distrito

Propor uma reunião com as comunidades do distrito, para discut  ir as propostas de cada comunidade para o meio ambiente.  Discutir a recuperação dos rios e riachos que correm nas terras do distrito.

QUARTA PARTE: A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO, DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

            Depois de um processo desse segue-se uma avaliação dos conteúdos aprendidos, da participação dos sujeitos envolvidos e da dinâmica utilizada e dos resultados obtidos. As sugestões das outras fichas podem ser usadas para avaliar esta também.

1.     Os Conteúdos ensinados e aprendidos
 
Nesta metodologia,  todos ensinam e todos aprendem e todos são avaliados, por si e pelos demais.

1.1.     Fazer com os alunos e as alunas o levantamento de todos os conteúdos trabalhados durante o período desta ficha, tantos os das temáticas tradicionais,  como das novas.
1.2.     Discutir o nível de interesse, utilidade e de assimilação desses conteúdos, para os estudantes e os seus familiares e os impactos que está provocando nas comunidades.
1.3.     Discutir com os alunos as formas de como eles observam os resultados em suas famílias.

2.  A  Participação dos envolvidos

2.1.     Verificar os níveis de motivação, interesse, iniciativa, contribuição, criatividade, dos alunos e dos adultos colaboradores.
2.2.     Verificar os valores que foram se firmando nos alunos e alunas: solidariedade, companheirismo, respeito ao outro, justiça, responsabilidade com as tarefas  e etc.
2.3.     Verificar as atitudes em relação aos valores na vida pessoal, de grupo, coletivamente dentro e fora da escola.
2.4.     Verificar nas professoras e familiares esses mesmos itens.

3.          As Metodologias e Dinâmicas utilizadas

3.1.     Verificar os acertos e as falhas percebidas pelos alunos, professoras e familiares
3.2.     Examinar as dificuldades sentidas pelos envolvidos
3.3.     Discutir as formas de superação e sugestões para melhorar na próxima ficha
3.4.     Verificar a eficiência e eficácia das mesmas, se conseguiram facilitar os objetivos e as estratégias.
3.5.     Planejar o próximo período e a próxima ficha.

 

Esta  ficha pedagógica é uma contribuição do SERTA para o CONSÓRCIO DOS MUNICÍPIOS NA ZONA DA MATA DE PERNAMBUCO no ano de 1999. Destina-se a preparação do diagnóstico municipal, em vista da realização da Conferência Municipal de Desenvolvimento Sustentável