terça-feira, 16 de agosto de 2011

CONTRIBUIÇÕES PARA AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE - I - Educação do Campo

Em um documento base para a II Conferência, de 17 páginas, as referências a juventude do campo é tangencial. Porém, abre espaço para que as questões ligadas às juventudes do campo possam ser incluídas. Como a concepção de campo com a qual o Serta trabalha é de um campo que vai além do rural e do agrícola e inclui as populações dos municípios menores, como as ORNA (Ocupações rurais não agrícolas), nosso esforço nas conferências deverá ter o foco do campo. Sobretudo, em relação a aspectos que não são lembrados e tem pouca visibilidade com outros grupos e propostas. Daí algumas considerações.

1.      Educação do campo.

O documento base passa a idéia de que a escola que está aí, o que se tem a fazer com as políticas de juventude é ampliar as oportunidades de uma educação com qualidade, formação profissional. Ou seja, qualificar melhor a escola existente.

A juventude do campo precisa dizer em alto e bom som que essa escola que está aí, por mais melhorada que seja, passa uma idéia e concepção de campo que não contribuem para melhorar o campo e sim para retirar dele as suas melhores inteligências.

É sempre a idéia de que os jovens inteligentes, capazes vão viver na cidade, vão estudar, pesquisar, formar-se para ter “vida melhor”. Vida melhor é sinônimo de vida na cidade, que paga melhor e com mais conforto e tem mais oportunidade.

O campo é pobre para enriquecer, promover social, cultural e economicamente as pessoas. Por isso, as pessoas de chance devem se preparar para sair. Nosso posicionamento é diferente, precisamos construir estratégias para que seja conhecido.

A escola pública que está funcionando no Brasil precisa assumir a Educação do Campo para os alunos do Campo, quer as aulas funcionem na rede municipal ou estadual ou federal. E assumir EC não é só mexer com algumas disciplinas e alguns conteúdos.

EC supõe que a filosofia para o ensino e a aprendizagem é diferente da que está atualmente nas escolas. Precisa de uma concepção de campo em todas as disciplinas e no projeto político pedagógico. Para isso exige que a escola pesquise o campo com seus alunos e professores.

Conhecer o campo não é só tomar conhecimento das mazelas e pobrezas do campo, e sim da sua potencialidade, beleza, riqueza, diversidade, cultura, oportunidades, espaço de vida com qualidade. Se a qualidade de vida não está presente ainda, precisa chegar.

E para chegar, a escola é protagonista, não pode ficar contemplando outras instituições fazerem o desenvolvimento e ela só contemplando externamente. Não são somente os empresários, o Estado, os trabalhadores que serão protagonistas do desenvolvimento.

Nem a Escola é protagonista só da formação da mão-de-obra. É, sobretudo, da formação da “cabeça-de-obra”, de quem pensa, articula, agrega, pesquisa, analisa, mobiliza, divulga, capacita-se para ser sujeito do desenvolvimento e não mero objeto da ação de outros.

Portanto, a primeira proposta para nossas conferências é que:

1.       O MEC, as Secretarias Estaduais e Municipais, com o apoio do CONSED e UNDIME acolham a Educação do Campo para todas as escolas das redes públicas, aproveitando o acúmulo que já existe sobre esse assunto.

2.       Que para isso estabeleçam um Programa Nacional de formação de professores, gestores, coordenadores pedagógicos, conselhos escolares, conselhos de educação, levando em conta o que já existe no país sobre formação.

3.       E que estabeleçam não só as universidades nesse processo formativo, mas as instituições que detém metodologia de Educação do Campo. Coloque-se no Plano Nacional de Educação cláusulas que garantam um Plano de curto, médio e longo prazo com a garantia de que em um prazo médio teremos EC nas escolas públicas do campo.

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